Uma história de superação: o tomeaçuense que se tornou oficial da Aeronáutica
- Folha Notícias
- 6 de fev. de 2022
- 5 min de leitura
Atualizado: 18 de fev. de 2022
Thiago Felipe é uma dessas histórias que faz a gente querer lutar pelos sonhos até conseguir realiza-los.

Thiago Felipe Cardoso Mesquita é uma dessas histórias que faz a gente querer lutar pelos sonhos até conseguir realizá-los.
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Ele nasceu no Hospital Amazônia em 1991. Filho do então Bancário Luiz Sérgio de Souza Mesquita (o Mesquita do Basa) e da dona de casa Maria Vilma Pinto Cardoso, ele tinha uma irmã 11 meses mais velha (Jaqueline) e ganhou em 1999 um irmão adotivo que era seu primo de sangue ("Netinho"). Pertencia a uma família feliz.
Estudou sempre em escolas públicas, como a Escola de Ensino Fundamental “Ipitinga” e Escola de Ensino Médio “Dr. Fábio Luz”. Ele conta que foi um período que serviu de base para o homem que se tornaria no futuro. Em 2002 seu pai deixou o Basa e foi embora para Belém. E durante as férias escolares, ele, a irmã, o irmão e a mãe iam visitar o pai em Belém. Mas a distância acabou desgastando a relação e, em 2005, os pais se separaram definitivamente.
Os tempos mudaram e a situação começou a ficar difícil, pois a partir de então as despesas da casa passaram a ser responsabilidade apenas da mãe, desempregada. Mas ela era uma guerreira e foi à luta para não deixar nada faltar aos filhos. A separação lhe deixou uma dúvida: “o que mais eu poderia ter feito junto com meu pai, se ele não tivesse ido embora? Pescar juntos? Assistir a jogos de futebol? O que mais?” Mas a vida não para.
Em 2007, com 16 anos, Thiago Mesquita se mudou para Belém em busca de um futuro melhor. Com 17 anos entrou na Faculdade de Estudos Avançados no Pará - FEAPA, através do PROUNI, ao ganhar uma bolsa de estudos do Governo Federal. Cursou Bacharelado em Administração totalmente grátis. Apesar de não pagar faculdade, foi um período bem difícil de sua vida. Sem dinheiro para comer, pagar aluguel, passagem de ônibus e comprar livros, ele recorreu aos amigos e foi atendido. Os pais dos amigos estenderam-lhe as mãos e ajudaram-no a passar aquele momento de crise.
Na primeira oportunidade, começou a trabalhar e nunca mais parou. “Eu queria deixar de depender dos amigos e também ajudar meus familiares”. Aos 18, ainda na faculdade, ganhou uma vaga para estagiar no Basa, onde ficou por 10 meses. Agora, já conseguia pagar suas despesas. Pediu para sair do estágio do Basa e foi trabalhar pela primeira vez de carteira assinada, na empresa ETE Engenharia em 2010, onde assumiu o cargo de Auxiliar de Almoxarife.
Em 2016 pediu demissão para trabalhar no Marajó, a convite de um amigo da faculdade, para exercer o cargo de Tesoureiro na Prefeitura Municipal de Melgaço.
No ano seguinte, em 2017, sozinho no arquipélago do Marajó, Thiago Mesquita foi acertado em cheio com a notícia de que sua mãe estava com câncer de mama. “Naquele momento, embora soubesse da gravidade da doença dela, eu torcia pelo melhor”. Longe dos parentes e amigos de infância, chorou sozinho e em silêncio. “Eu soube que ela já estava com sintomas graves da doença há muito tempo; já tinham se passado quase quatro meses desde o aparecimento de um caroço na mama; e o tempo é crucial nessa doença; para agravar, a falta de sorte nos atrapalhou, pois justo na vez dela, quebraram as duas máquinas de radioterapia do hospital “Ophir Loyola”.

Em 2018, pediu licença do trabalho, e viajou para Belém a fim de acompanhar sua mãe, já bastante debilitada. Foram seus últimos momentos com ela. Vilma faleceu nos braços dele e da irmã Jaqueline, tentando dar os últimos conselhos para vida deles, até perder a consciência.
Ao voltar a Melgaço, pediu demissão novamente para trabalhar como Gerente Administrativo e Financeiro de um Grupo com vários empreendimentos na Ilha do Marajó, como Supermercados, Postos de Gasolina, Lojas de Material de Construção e Revendora de Gás. Ficou 2 anos por lá.
Retornou a Belém, a convite, para exercer o cargo de Coordenador de Inventário de materiais de construção de rede elétrica da Equatorial Energia em 2020, mesmo ramo de seu primeiro emprego. Na volta a Belém, ele trazia na bagagem a vontade de realizar um antigo sonho: servir as Forças Armadas. Em dezembro de 2020 se inscreveu em um concurso da Força Aérea Brasileira (FAB) para ser Oficial e exercer pela primeira vez o cargo de "Administrador". O concurso tinha apenas uma vaga, para servir na Base Aérea de Serra do Cachimbo, em Novo Progresso, fronteira do Pará com o Mato Grosso, a quase 2 mil km de Belém e mais de 2 dias de viagem por estrada. Mas isso não foi problema. Em junho de 2021, comemorou a aprovação no concurso e foi nomeado para o posto Militar da FAB como Aspirante a Oficial. Mais uma vez deixou Belém, os familiares e os amigos.
Após 6 meses foi promovido e assumiu o Primeiro Posto do Oficialato. Apesar de ser uma promoção já prevista em regulamento, o então 2° Tenente Mesquita enfatiza que "devemos comemorar e vibrar com os pequenos degraus, pois eles nos darão ânimo e garra para subir cada vez mais." Questionado sobre o futuro comentou, "Esse era apenas um dos meus sonhos e ele vai servir de estrutura para alcançar os demais, subindo um degrau de cada vez."
Perguntado sobre o que dá mais saudade de Tomé Açu, disse: "sem sombra de dúvidas, são meus familiares e amigos; mas todos sabem que busco crescimento e entendem que a distância é apenas um detalhe e que isso não é um problema para nossas ligações verdadeiras.”
O Tenente Mesquita aproveitou o espaço para mais uma vez externar a sua “sincera gratidão" a alguns amigos que o ajudaram muito quando saiu de Tomé Açu para morar em Belém. "Durante o período que não tive renda para me manter, tive ajuda de pessoas de bom coração como o senhor Dirvalci Sanches e a esposa dele, dona Cláudia; o senhor Bidu Duarte e a dona Vânia; o senhor Sebastião Melo e a dona Eliete; além de muitos outros. Espero que os não citados não fiquem chateados. Todos que me ajudaram sabem que sou grato pela confiança que tiveram em mim. Ainda darei mais orgulho a vocês”, concluiu.
Ele segue como oficial da FAB na Base Aérea da Serra do Cachimbo, mas ainda dará muitos sobrevoos por Tomé-Açu.
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E uma linda história de superação eu admiro demais acompanhei um pouco da história de vida dele por ser amigo do meu filho eu sinto orgulho de ver que ele conseguiu vencer na vida e concerteza a sua mãe onde quer que ela esteja está feliz
Nascido na Água Branca, eu sei o que passou, porque comigo foi da mesma forma....mas determinação a gente vence