Polícia Federal apura conflito entre índios e BBF
- Folha Notícias
- 5 de jul. de 2022
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As duas partes já foram ouvidas

Os agentes da Polícia Federal encerraram a fase de investigação e oitiva no local do conflito envolvendo os indígenas e a empresa BBF. O inquérito começou no início da semana passada, quando diversos agentes estiveram em Tomé-Açu, nas aldeias, para apurar a verdade dos fatos.

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Federal, “a presença dos agentes federais na cidade teve como objetivo fazer um levantamento para apurar os fatos relacionados a conflitos entre indígenas e quilombolas, com a empresa BBF; uma investigação de rotina” que vai subsidiar o inquérito a ser elaborado e enviado à Justiça Federal.

Indígenas
O Procurador da República Felipe Moura Palha, que tem representado os indígenas em diversas ocasiões, tem apresentado uma reclamação recorrente, quanto ao que ele denomina de “falhas na licença e autorização ambiental” da empresa, pois, segundo ele, não houve escuta aos indígenas e a demarcação do território foi reduzida. Ele informou que existe um processo junto à Funai para analisar a área tembé, que poderá ou não ser aumentada.

Indígenas e quilombolas também reclamam de bloqueios de estradas da região e tentativa de criminalizá-los. Eles contam ainda que foram prejudicados com o desmatamento e poluição de rios e igarapés. “A cultura do dendê exige bastante água e nossos igarapés continuam represados pelas fazendas que a BBF comprou muito perto da nossa área. Não somos nós que estamos dentro da área do projeto deles, são eles que não respeitam os limites que diz a legislação", disse Paratê ao jornal O Liberal.

Os indígenas também reclamam que desde o início do cultivo do dendê na região, eles nunca foram consultados e informaram que isso é um desrespeito ao que foi determinado pela OIT - Organização Internacional do Trabalho, já que se trata de área indígena.
Algumas lideranças foram ouvidas pela Polícia Federal, quando relataram esses e outros problemas.

BBF
Representantes da BBF também já foram ouvidos pelos agentes federais. Eles denunciaram que hoje 30 fazendas estão ocupadas por indígenas e quilombolas, num total de 10 mil hectares. Falaram ainda que já foram registrados 650 boletins de ocorrência contra o que eles chamam de “ataque ao patrimônio” da empresa, mas sem resultado prático.

Conforme relato da BBF, em 2019 foram roubados 33 tratores das áreas de cultivo. No episódio do incêndio na fazenda Vera Cruz, em 21 de abril deste ano, eles dizem que foram roubados 14 tratores e os demais foram incendiados. Um dos diretores da empresa ouvido pela reportagem reclamou que diariamente, são retiradas das áreas invadidas, 20 contêineres de frutos de dendê, o que equivale a mais ou menos 300 toneladas. “Faça as contas aí; 300 toneladas vezes R$ 1.016 que é quanto está a tonelada hoje, totaliza mais de 304 mil reais por dia que eles estão faturando, nas costas da empresa”, falou o diretor.

Ele disse que a empresa pretendia plantar mais 120 mil hectares de dendê no Pará, mas por causa desses problemas, preferiram investir em Roraima e Amazonas.
As duas partes aguardam o relatório da Polícia Federal para, a partir daí, pressionarem a Justiça para definir de que lado está o direito.
Da redação
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